terça-feira, 8 de dezembro de 2009

1* Semana de Arte Moderna (de 11 a 18 de fevereiro de 1922)


No início do século XX, a riqueza proporcionada pelo café torna possível que os filhos da aristocracia paulista estudem na Europa e de lá tragam idéias de renovação no campo das artes e da literatura.
Em 1912, Oswald de Andrade, recém-chegado da Europa, começa a divulgar as idéias futuristas de Marinetti, que só encontraram receptividade em grupos reduzidos de jovens intelectuais, que se sentiam sufocados pelas artes dominantes.
Em 1913, Lasar Segall faz uma exposição de arte considerada moderna para os padrões da época. Em 1917, Anita Malfatti, depois de estudar na Europa e nos Estados Unidos, faz uma exposição que foge aos cânones da arte tradicional, e é muito mal aceita, sobretudo pelo crítico de artes do O Estado de S. Paulo, Monteiro Lobato, que escreve um artigo intitulado Paranóia ou mistificação, no qual faz acusações a toda Arte Moderna.
Ainda em 1917, na literatura, há quatro estréias promissoras de jovens autores em que se pode vislumbrar propostas de renovação, ainda com timidez: Há uma gota de sangue em cada poema, de Mario de Andrade; Nós, de Guilherme de Almeida; Cinzas das horas, de Manuel Bandeira; e Juca Mulato, de Menotti del Picchia.

Em 1920, as esculturas de Brecheret tornam-se conhecidas. Impregnadas de modernidade, constituirão uma das bandeiras da Semana de 22, pois Brecheret, contratado para realizar o Monumento às Bandeiras, teve suas maquetes recusadas pelas autoridades. Posteriormente sua obra foi aceita e tornou-se um marco da cidade de São Paulo e uma das mais belas esculturas do Brasil.

Embora com fortes influências européias, os artistas alertavam para a importância de valorizar as raízes nacionais, que deviam ser o ponto de partida para os trabalhos brasileiros. Assim, Oswald de Andrade cria movimentos como o Pau-Brasil e começa a escrever e publicar em jornais, reunindo grupos de artistas em torno de uma nova proposta estética.

A divisão entre os defensores de uma estética conservadora e os renovadores prevaleceu por muito tempo e atingiu seu clímax na Semana de Arte Moderna de 1922. Na verdade, foram três dias de fevereiro – 13, 15 e 17 –, no Theatro Municipal de São Paulo. No interior do Theatro, foram apresentados concertos e conferências, enquanto no saguão foram montadas exposições de artistas plásticos como os arquitetos Antonio Moya e George Prsyrembel, os escultores Vitor Brecheret e W. Haerberger, os desenhistas e pintores Anita Malfati, John Graz, Martins Ribeiro, Zina Aita, João Fernando de Almeida Prado, Ignacio da Costa Ferreira, Vicente do Rego Monteiro e Emiliano Di Cavalcanti (o idealizador da Semana e autor do desenho que ilustra a capa do catálogo). Se a Semana é realizada por jovens inexperientes, sob o domínio de doutrinas européias, conforme acentuam alguns críticos, ela significa também o rompimento com a arte dominante.
Como afirmava Oswald de Andrade “Não sabemos o que queremos. Mas sabemos o que não queremos”. A proposição de uma Semana, na verdade só três dias, implicava uma amostragem geral da prática modernista. Toda uma atmosfera de antagonismo foi estabelecida nos círculos intelectuais da cidade de São Paulo.

Desde o início da Semana, o público manifestava-se ruidosamente, porém o momento mais sensacional ocorreu na segunda noite, quando Ronald de Carvalho leu o poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira, impedido de fazê-lo pessoalmente por questões de saúde. É um poema de uma ironia corrosiva contra o parnasianismo, que ainda dominava o gosto do público. A platéia reagiu com vaias, que interromperam a leitura. Mas, metaforicamente, com sua iconoclastia pesada, o poema delimita o fim de uma época cultural.Um dos poetas brasileiros mais originais também foi impulsionado pela semana de Arte Moderna,Augusto dos Anjos tal esse que não se pode encaixa em uma categoria como parnasianismo, porque os seus poemas são únicos,infelizmente toda essa sua "popularidade"veio depois da sua morte em 1917.
Mário de Andrade diria mais tarde que faltou aos modernistas de 22 um maior empenho social, uma maior impregnação “com a angústia do tempo”. Com efeito, os autores que organizaram a Semana colocaram a renovação estética acima de outras preocupações importantes. As questões da arte são sempre remetidas para a esfera técnica e para os problemas da linguagem e da expressão. O principal inimigo eram as formas artísticas do passado. De qualquer maneira, a rebelião modernista destrói o imobilismo cultural – que entravava as criações mais revolucionárias e complexas – e instaura o império da experimentação, algo de indispensável para a fundação de uma arte verdadeiramente nacional.
A Semana de Arte Moderna foi um marco na história da Literatura Brasileira. Nenhuma manifestação artística pôde ignorar o Movimento Modernista a partir de então.

Principais participantes da Semana:
Mário de Andrade – Oswald de Andrade – Graça Aranha – Ronald de Carvalho -Menotti Del Picchia – Guilherme de Almeida – Sérgio Milliet
Anita Malfatti - Di Cavalcanti – Santa Rosa – Tarsila do Amaral – Villa-Lobos – Guiomar Novaes

Fonte;http://acervos.ims.uol.com.br,Pesquisa e parte do texto de Maria Inês Rivaben Ricci

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