terça-feira, 26 de outubro de 2010

Carta de Despedida de Saddan Hussein


Os advogados disseram que o texto foi escrito logo depois de Saddam ser sentenciado à morte, em novembro, pela morte de 148 xiitas na aldeia de Dujail, onde o ex-ditador sofreu um atentado em 1982.

"No passado, como todos vocês sabem, tomei parte no campo de batalha da jihad.
Deus, louvado seja Ele, desejou que eu enfrentasse isso da mesma maneira e com o mesmo espírito no qual estávamos antes da revolução, mas com um problema que é maior e mais severo.
Oh, meus amados, essa situação dura que nós e nosso grande Iraque estamos enfrentando é uma nova lição e uma nova provação que julgará o povo, a cada um de acordo com suas intenções, de forma que ela se torne um sinal diante de Deus e do povo no presente e depois que nossa situação atual se transforme em história gloriosa.
É, acima de tudo, a fundação sob a qual o sucesso das fases futuras da história poderá ser construído.
Nesta situação, e em nenhuma outra, os verdadeiros são os honestos e fiéis, e os opostos a eles são os falsos.
Quando a gente insignificante usa o poder dado a ele pelos estrangeiros para oprimir seu próprio povo, ela só consegue ser sem valor e simplória. No nosso país, só o bem poderá resultar daquilo que estamos experimentando.
À grande nação, ao povo do nosso país, e à humanidade: muitos de vocês sabem que o autor desta carta é fiel, honesto, preocupado com os outros, sábio, de julgamento sólido, decidido, cuidadoso com a riqueza do povo e do estado... e que seu coração é grande o suficiente para abraçar a todos sem discriminação.
Seu coração sofre pelos pobres e ele não descansa enquanto não ajuda a melhorar a condição deles e cuida de suas necessidades.
Seu coração contém todo o seu povo e toda a sua nação, e ele anseia por ser honesto e fiel, sem fazer diferença entre seu povo, a não ser no que diz respeito a seus esforços, eficiência e patriotismo.
Fala hoje em nome de vocês e dos seus olhos, e dos olhos de nossa ação e os olhos dos justos, o povo da verdade, onde quer que a bandeira deles seja hasteada.
Vocês conhecem bem seu irmão e líder, e ele nunca se curvou aos déspotas e, de acordo com os desejos dos que o amaram, permaneceu uma espada e uma bandeira.
É assim que vocês querem que seu irmão, filho ou líder seja... e os que liderarem vocês no futuro deverão ter as mesmas qualidades.
Ofereço aqui minha alma a Deus como sacrifício, e se quiser Ele a mandará para o céu com os mártires, ou então adiará isso... então sejamos pacientes e confiemos nele contra as nações injustas.
Apesar de todas as dificuldades e tempestades que nós e o Iraque tivemos de enfrentar, antes e depois da revolução, Deus Todo-Poderoso não quis a morte para Saddam Hussein.
Mas, se Ele a quiser desta vez, a vida de Saddam é criação Dele. Ele a criou e protegeu até agora.
Assim, por esse martírio, Ele trará glória para uma alma fiel, pois almas mais jovens que Saddam Hussein partiram nesse caminho antes dele. Se Ele quer martirizá-la, nós agradecemos e damos graças a Ele, antes e depois.
Os inimigos de nosso país, os invasores e os persas, descobriram que nossa unidade é uma barreira entre eles e a nossa escravização.
Eles semearam sua discórdia antiga e nova entre nós.
Os estrangeiros que carregam a cidadania iraquiana, cujos corações estão vazios ou cheios do ódio plantado neles pelo Irã, corresponderam a isso, mas como estavam errados quando pensaram que conseguiriam dividir os nobres de nosso povo, enfraquecer sua determinação e encher os corações dos filhos da nação com ódio uns contra os outros, em lugar do ódio contra seus verdadeiros inimigos, que os levaria numa só direção, a lutar sob a bandeira de 'Deus é grande': a grande bandeira do povo e da nação.
Lembrem-se de que Deus permitiu que vocês se tornassem um exemplo de amor, perdão e coexistência fraterna...
Eu os conclamo a não odiar, porque o ódio não deixa espaço para a justiça e nos torna cegos, fecha todas as portas do entendimento e nos impede de pensar de forma equilibrada e fazer a escolha certa...
Também os conclamo a não odiar os povos dos outros países que nos atacaram, e a diferenciar entre os que tomam as decisões e esses povos...
Todos os que se arrependerem -seja no Iraque ou no exterior- devem ser perdoados...
Vocês devem saber que, entre os agressores, há pessoas que apóiam a luta de vocês contra os invasores, e alguns deles foram voluntários para a defesa legal dos prisioneiros, incluindo Saddam Hussein...
Algumas dessas pessoas choraram muito quando me disseram adeus...
Querido e fiel povo, digo adeus a vocês, mas estarei com o Deus misericordioso que ajuda os que se refugiam nele e que nunca desapontará nenhum crente fiel e honesto... Deus é grande... Deus é grande... Longa vida à nossa nação... Longa vida ao nosso povo grande e lutador...
Longa vida ao Iraque, longa vida ao Iraque... Longa vida à Palestina... Longa vida à jihad e aos mujahideen.

Saddam Hussein
Presidente e comandante-em-chefe das Forças Armadas Mujadi Iraquianas
Escrevi esta carta porque os advogados me disseram que a chamada corte criminal -estabelecida e batizada pelos invasores- permitirá que os chamados réus tenham a chance de uma última palavra.
Mas essa corte e seu juiz não nos deram a chance de dizer uma palavra, e deram seu veredicto sem explicação, e leram a sentença – ditada pelos invasores – sem apresentar provas.

Eu queria que o povo soubesse disso."

Fonte;http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,AA1404106-5602-2222,00.html

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