sexta-feira, 2 de maio de 2014
Quem são os homens de verde' (pró-Rússia) que assustam a Ucrânia?
Apoiando-se em sua bengala, Nikolai parou perto do prédio da administração municipal em Konstantinovka, balançando a cabeça em desaprovação.
Homens mascarados vestindo uniformes de camuflagem haviam ocupado o prédio e estavam vigiando a entrada. Enquanto isso, cantarolando uma canção pop cuja letra fala sobre a antiga União Soviética, militantes pró-Rússia construíam barreiras com blocos de concreto e sacos de areia.
Na antiga URSS, Nikolai havia trabalhado para a inteligência militar soviética. Ele está convencido de que os homens armados que ele observa agora são russos.
"Fui falar com eles", contou. Tinham rifles automáticos russos de última linha. "Não acredito que vocês sejam ucranianos. Vocês são da Rússia, da Inteligência Militar. Não vão me enganar, também sou desse sistema".
"'Ah, ninguém engana um lobo velho, não é?' - respondeu um deles".
Nikolai disse não ter dúvidas. "Tenho certeza de que foram mandados para cá e estão sendo pagos para semear revoltas e calamidades".
Perguntei a um dos "homens de verde" armados de onde ele vinha.
"Ucrânia", ele respondeu. Depois, sorriu. "Na verdade, não existe uma nacionalidade ucraniana. Isso é uma invenção do Império Austro-Húngaro. Somos russos e essa terra não é Ucrânia, é Nova Rússia. E vamos defendê-la".
A 30 km dali, em Kramatorsk, militantes pró-Rússia também ocuparam o prédio da administração local. Dentro, encontrei Vadim Ilovaisky.
Ele se apresentou como o novo "comandante militar" da cidade.
Estava sentado, vestindo uniforme, no escritório do vice-prefeito, estudando mapas da região (o vice-prefeito, ele informou, estava adoentado). O comandante militar apontou para um aquário no canto da sala e me garantiu que estava cuidando bem dos peixes do vice-prefeito.
Perguntei a Vadim de onde ele vinha. "Sou cossaco" (povo nativo das estepes das regiões do sudeste da Europa, principalmente da Ucrânia e do sul da Rússia), respondeu. "Meu avô e meu bisavô eram de Stavropol" (sul da Rússia).
"Na minha vida civil, sou um consultor de relações públicas. Mas como comandante cossaco, participei da campanha na Crimeia. Sou um cidadão da Ucrânia".
Quando perguntei onde ele mora agora, foi evasivo. "Minha casa é o prédio onde estou sentado agora".
Fonte
BBC
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