O vice-chanceler de Israel, Danny Ayalon, reagiu e declarou que "infelizmente fica claro que a mudança na África do Sul nos últimos anos não levou a uma alteração genuína no país, que continua sendo um país de apartheid. Agora o apartheid se volta contra Israel e contra os mineiros na própria África do Sul".
A afirmação de Avalon fez referência ao passado da África do Sul, que por décadas foi governado pela minoria branca em um regime considerado racista, assim como a recente morte de grevistas em um confronto com a polícia em uma mina do país.
Entre os produtos que serão sinalizados na África do Sul estão os cosméticos da empresa Ahava, produzidos à base de minerais do Mar Morto e fabricados no assentamento de Mitzpe Shalem, na Cisjordânia.
O ministério das Relações Exteriores de Israel convocou o embaixador sul-africano a uma reunião para "prestar esclarecimentos" sobre a decisão da sinalização especial para produtos dos assentamentos.
Segundo o porta-voz do Gush Shalom, Adam Keller, o boicote aos produtos dos assentamentos tem o objetivo de "questionar a legitimidade da ocupação israelense nos territórios palestinos e também impedir que os assentamentos obtenham ganhos financeiros com a ocupação".
O movimento pelo boicote aos produtos fabricados nos assentamentos foi iniciado em 1997 pelo grupo pacifista israelense Gush Shalom (Bloco da Paz, em tradução livre). O movimento ganhou adesão de diversos grupos israelenses, palestinos e internacionais.
Neste caso, o governo sul-africano não chegou a decidir pelo boicote e nem proibiu a entrada dos produtos dos assentamentos no país, simplesmente decidiu assinalá-los para facilitar a diferenciação entre os produtos 'made in Israel' e aqueles que são fabricados fora das fronteiras legitimas de Israel", disse Keller à BBC Brasil.
Para Keller, o fato de o governo israelense ter acusado a África do Sul de apartheid é um "absurdo".
"Ultimamente a direita em Israel tem se apropriado da linguagem utilizada pelos liberais, como meio sofisticado de promover a imagem de Israel no exterior", afirmou.
Segundo Keller, a utilização, por lideres da direita israelense, de termos como "apartheid", "descriminação" e "limpeza étnica", ao se referir aos colonos israelenses na Cisjordânia, "confunde" o publico no exterior que não está a par de todos os detalhes do conflito israelense-palestino.
De acordo com esse plano, aceito por Israel, um Estado Palestino independente seria criado ao lado de Israel, na Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental – territórios que Israel ocupou durante a guerra de 1967.
De acordo com a comunidade internacional todos os assentamentos israelenses nos territorios ocupados são considerados ilegais e representam um obstáculo à realização da solução de dois Estados.
Hoje em dia 600 mil israelenses já vivem nos territórios ocupados – cerca de 350 mil em assentamentos na Cisjordânia e 250 mil em Jerusalém Oriental.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, rejeitou a proposta do presidente americano Barack Obama, de que as fronteiras anteriores à guerra de 1967 sirvam como base para a fundação do Estado Palestino.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, se nega a voltar à mesa de negociações enquanto Israel não reconhecer o principio das fronteiras de 1967 e não congelar a construção dos assentamentos.
As negociações entre as partes se encontram paralisadas desde setembro de 2010.
Fonte;
BBC
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