Um pequeno grupo de ilhas do Pacífico com a população de uma cidade pequena foi considerado o país com o consumo mais alto de cerveja e maconha.
O Relatório Mundial sobre Drogas de 2012 da ONU, publicado em junho, diz que a nação com o nível mais alto de uso de maconha entre adultos é Palau.
O país diminuto que é parte da Micronésia, no oeste do oceano Pacífico, abriga somente 21 mil pessoas. Mas lá, um quarto dos adultos consome a substância.
Os palauanos não só estão à frente de todo o mundo com o número, como lideram com uma margem expressiva. O segundo país da lista é a Itália, onde - segundo o relatório - cerca de 15% dos adultos usam a droga.
Se a ideia de que Palau é uma espécie de retiro hedonista soa familiar, pode ser porque a ilha já esteve no topo de uma tabela da Organização Mundial de Saúde em 2011, que examinava outro vício.
De acordo com o relatório global sobre álcool e saúde da OMS, os palauanos bebem mais cerveja per capita do que qualquer outro país do mundo.
Mas o que acontece com Palau? Vamos observar primeiro as estatísticas da bebida. O relatório da OMS foi publicado em 2011, mas contém dados de 2005.
Isso é importante porque, por alguma razão, os palauanos parecem ter bebido mais naquele ano. Em outros anos, eles caem algumas posições na tabela.
Mas o mais importante é que, apesar de beberem muita cerveja, os habitantes de Palau não bebem muito mais de nada.
Quando se olha para o total de álcool consumido - ao invés de só cerveja - Palau cai para o 42º lugar de 188. Nessa lista, é a República Tcheca que tem a honra dúbia de estar no topo.
Os dados da ONU de 2012 sobre Palau são ainda mais problemáticos do que os da OMS.
Os autores do relatório não conseguiram obter dados sobre adultos na pesquisa em Palau. Então eles usaram uma pesquisa sobre uso de maconha entre alunos da rede pública e extrapolaram estes resultados para estimar um dado sobre a população adulta.
Há somente uma escola pública em Palau, com 742 estudantes. Os autores da pesquisa calcularam que cerca de 60% dos 565 estudantes que responderam a pesquisa haviam usado maconha pelo menos uma vez e quase 40% disseram que haviam usado no mês anterior.
Para comparar, uma pesquisa semelhante com estudantes americanos descobriu que 23% deles diziam ter usado maconha no mês anterior.
Mas apesar de os números da escola palauana serem chocantes, a amostra é realmente pequena e pouco representativa da população como um todo (espera-se que os adolescentes de Palau fumem mais maconha do que seus pais de meia-idade).
O diretor do Ministério da Educação de Palau, Emery Wenty, simplesmente não acredita nos dados da ONU.
"Palau é uma ilha muito pequena. Se o uso de maconha é tão prevalente quanto diz a ONU, você veria e sentiria o cheiro em todos os lugares. Mas isso não acontece", diz.
"Conhecemos quase todo mundo. É inconcebível que um quarto da população fume maconha."
Wenty admite que o consumo da droga pode ser um problema na escola, mas diz que há cerca de 500 outros jovens em Palau estudando em escolas privadas - a maioria religiosas.
Angela Me, uma estatística da ONU que trabalha no Relatório Mundial sobre Drogas, aceita algumas das críticas de Wenty.
Há um problema especial, segundo ela, com a coleta de dados em populações muito pequenas, porque um pequeno número de pessoas mudando de comportamento pode provocar uma mudança drástica nas estatísticas.
No entanto, ela afirma que os dados o relatório, sejam quais forem suas deficiências, sugerem que há uma prevalência relativamente alta de uso de drogas em algumas nações insulares do Pacífico.
"Vamos ter uma reunião sobre as ilhas do Pacífico. Queremos coletar mais informação e reduzir a margem de erro", diz.
Talvez seja prudente esperar até que a ONU complete sua coleta de dados antes de concluir que a pequena Palau é realmente a capital mundial da bebida e das drogas.
Fonte;
BBC
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