No início dos anos 40, o bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, abrigava dois dos clubes mais importantes da cidade. Ambos com nome parecido, mas distantes um quilômetro um do outro. O Clube de Regatas Botafogo ficava na praia. Já a sede do Botafogo Futebol Clube era a mesma de hoje, na Rua General Severiano.
Embora tão próximos, os dois Botafogos continuavam separados. Até o dia 12 de junho de 1942, quando se enfrentaram em uma partida de basquete: Botafogo de Regatas contra Botafogo FC. Armando Albano era um dos principais jogadores da equipe de General Severiano. Um dos cestinhas do clube, saiu atrasado do trabalho e chegou à quadra com o jogo já em andamento. Trocou de roupa com pressa e se juntou ao grupo.
- Ele entra no final do primeiro tempo. Apesar de ser um dos cestinhas do clube, nessa partida ele não marca nenhum ponto. E vai para o intervalo. (...) Eles estavam fazendo um bate bola de aquecimento para a segunda etapa. Quando ele foi abaixar para pegar a bola, ele caiu na quadra - explica o jornalista e autor do livro sobre a fusão do Clube, Rafael Casé.
Albano foi levado ao vestiário e a partida recomeçou. Após alguns minutos tentando trazê-lo de volta à vida, a notícia da tragédia interrompeu o jogo. Até hoje, o duelo nunca foi terminado. O Botafogo de Regatas abdicou do direito de jogar a continuação para que o Albano tivesse como homenagem uma última vitória. O placar permaneceu o mesmo: 23 a 21.
- A morte em um jogo justamente entre os dois clubes foi o estopim. O presidente Augusto Frederico Schmidt, do Regatas, disse que não havia mais como os dois Botafogos não serem um só. E o presidente do Futebol concordou - relembra Rafael.
A fusão foi oficializada seis meses depois, no dia 8 de dezembro de 1942. Da união dos dois nasceu o Botafogo de Futebol e Regatas. Os escudos também se misturaram e o preto e o branco, comum aos dois, foram mantidos.
A camisa que Albano usava quando faleceu em quadra está preservada e será doada pela família ao alvinegro. Botafoguense, o filho Arnaldo guarda com carinho a relíquia, que é considerada o maior símbolo da união dos dois clubes.
- (A camisa) vai ficar no lugar onde ele jogou, onde ele gostava, onde ele viveu, onde ele deu a vida. Nós nunca tivemos mágoa do Botafogo, muito pelo contrário. Temos um orgulho muito grande, uma satisfação muito grande de meu pai ter jogado lá. Por tudo que eles fizeram, não só pelo meu pai, mas por mim.
Já o clube presenteou a família de Albano com uma camisa de basquete atual, para marcar o aniversário da fusão do futebol com o remo.
Fonte
Globo Esporte
Site
Botafogo
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