Uma nova espécie de pássaro foi descoberta na Serra do Cipó, nos campos rupestres de Minas Gerais. A princípio, os pesquisadores pensaram ter encontrado uma população isolada do pedreiro (Cinclodes pabsti), que vive nas serras do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mas acabaram surpreendidos pelos resultados de exames de DNA, indicando que os passarinhos de Minas e do Sul são espécies distintas.
Realizado por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, o trabalho foi previamente publicado on-line no periódico IBIS, e em outubro deve chegar à edição impressa.
O Cinclodes espinhacensis* ou pedreiro-do-espinhaço é um passarinho grande, com cerca de 22 centímetros de comprimento. Tem a plumagem cor de chocolate, com a parte inferior beje e uma faixa amarelada sobre os olhos, assim como o primo das serras dos sul. A semelhança com o C. pabsti é tamanha que levou os autores a publicarem uma nota, em 2008, identificando o pássaro mineiro como uma população isolada de C. pabsti.
Os pesquisadores haviam se deparado com indivíduos, mas ainda não podiam confirmar se eles viviam e reproduziam na região ou estavam apenas dispersos, o que explicaria a presença deles tão longe do Rio Grande do Sul. Com base em fotografias, confirmaram que se tratava de um Cinclodes.
“Por indicação do herpetólogo Felipe Leite, fomos até à região da Serra do Breu. Lá, pela primeira vez encontramos uma população estabelecida propriamente dita, observamos vários indivíduos separados por territórios e se reproduzindo”, diz o ornitólogo Guilherme Freitas, autor principal do artigo. Ele conta que a Serra do Breu é um local especial, porque possui muitos afloramentos rochosos e é mais alta do que seu entorno.
O pedreiro-do-espinhaço vive em uma área restrita de 490 quilômetros quadrados, na Serra do Cipó, em Minas Gerais, onde constrói ninhos em túneis abertos nas fendas das rochas. É muito comum vê-lo nos campos rupestres, acima de 1.500 metros de altitude, ciscando em busca de insetos, ou nas pedras, perto de reservatórios ou cursos d'água. “Ele gosta muito de água”, afirma o ornitólogo Guilherme Freitas, autor principal do artigo. Não é difícil também ouvir o canto e o grito desse pássaro, quando ele está empoleirado em arbustos, ou quando em voo.
O pedreiro do Sul havia sido descoberto em 1969 e já tinha surpreendido especialistas, já que as outras 14 espécies do gênero vivem nos Andes e Patagônia. De acordo com Guilherme Freitas, os pedreiros brasileiros são espécies relictuais, ou seja, vestígios da história natural da região. “É uma espécie que conta como foi a colonização destas montanhas”, afirma Freitas.
A Serra do Cipó fica a 90 quilômetros de Belo Horizonte, no sul da Serra do Espinhaço, na região central do estado. Uma região de grande interesse geológico – que teria surgido há cerca de 1,7 bilhões de anos – e que atrai turistas. Em 1987, foi criado um Parque Nacional da Serra do Cipó, com 31 mil hectares.
Fonte;
(O)ECO
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