segunda-feira, 23 de maio de 2011

Versos a um coveiro

Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
Tal é, sem complicados silogismos,
A aritmética hedionda dos coveiros!


Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos
Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,
Na progressão dos números inteiros
A gênese de todos os abismos!


Oh! Pitágoras da última aritmética,
Continua a contar na paz ascética
Dos tábidos carneiros sepulcrais


Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,
Porque, infinita como os próprios números
A tua conta não acaba mais!

Fonte;
Livro EU,Augusto dos Anjos
Acervo pessoal AJS(Devorador do Pecado).

2 comentários:

)O(Lua Nua)O( disse...

Não conhecia, mas muito bonito... e triste.

Relsing disse...

É...vindo do Augusto, não vem conforme
é esperado e nítido assim como os poemas do Olavo Bilac.
Ele surpreende,e nunca acaba nos "felizes para sempre"